A presença da depressão na criação de ratos de estimação
- Carol Espíndola

- 18 de out.
- 3 min de leitura
A depressão é uma doença que acomete mais de 10 milhões de brasileiros, sendo o Brasil o país com maior índice de pessoas depressivas da América Latina.
Caracterizada por tristeza extrema, sentimento de vazio, falta de interesse na vida e podendo se manifestar também de maneira física (fadiga, falta de sono, perda de apetite, entre outros), é comum que pessoas depressivas encontrem dificuldade em realizar as tarefas mais simples, como até mesmo se levantar da cama.
Entretanto, até que ponto a depressão se limita apenas a pessoa que a possui e em que momento ela passa a prejudicar seus animais de estimação?
É comum que médicos indiquem a adoção de animais como parte do tratamento para depressão, considerando que o afeto e preocupação com eles traga um senso de responsabilidade e ocupação, distraindo a pessoa depressiva e a tirando do estado mórbido em que se encontra. Entretanto, é essencial ressaltar que essa opção NÃO substitui o tratamento convencional com terapias e, caso necessário, medicações.
Quando o cuidado se torna um fardo
A situação se agrava quando essa responsabilidade deixa de servir como estímulo, geralmente por não ser mais uma “novidade” ou então conforme o tutor se encontra sobrecarregado e frustrado com o excesso de demandas do animal, principalmente nos casos em que o tutor desenvolve depressão após o bichinho chegar à família.
Animais de estimação dependem dos tutores para basicamente tudo, não apenas alimentação e alojamento limpo. Ao se tratar de ratos em específico, além da soltura e interação diária, é necessário acompanhar seus comportamentos de perto, ficando atento para desentendimentos frequentes na colônia (bullying e agressividade) e sinais de doença (peso, porfirina, entre outros), além de prover enriquecimento ambiental para que se mantenham ocupados, com forrageamento e alterações constantes no ambiente,
Quando chegam na velhice, o cuidado deve ser redobrado, pois apesar de passarem a maior parte do tempo dormindo, sua saúde fica comprometida, dando maior abertura a doenças e muitas vezes precisando de ajuda até mesmo para realizar a própria higiene e se alimentar.
No momento em que a depressão do tutor passa a interferir e impactar a vida dos animais, deve-se agir com a razão. Muitas vezes, com o peso na consciência e o pessimismo da depressão, logo vem o pensamento de doação... "Alguém poderia dar uma vida melhor aos meus bichinhos", mas a solução não é tão fácil assim.
Doações não são simples. Os animais sofrem ao ficar longe de tudo que conhecem, sentindo a falta do tutor que amam e se estressando ao precisar passar por uma readaptação, principalmente a depender da idade deles. Mas, afinal, o que fazer em situações como essa?
Primeiramente, se você é uma pessoa com tendências depressivas, deve pensar duas vezes antes de adquirir um pet. Do mesmo jeito que não se deve pegar um animal sabendo que não poderá arcar com seus custos, adquirir um bichinho sabendo da possibilidade de precisar doar futuramente ou tendo uma vida instável é uma forma de egoísmo.
O segundo ponto é avaliar se você tem uma rede de apoio que pode realizar os cuidados necessários caso você se encontre em um momento ruim.
E a última alternativa, menos agradável e mais difícil, no caso de você já ter os animais e se encontrar num estado depressivo sem auxílio de terceiros, é lutar para ir contra seu corpo e sua mente. Na ABRRE, já enfrentamos situações similares e entendemos que depressão não é frescura. Não é fácil lidar com a doença, não é só "parar de ficar assim" e não é brincadeira, entretanto, também devemos lembrar que temos vidas em nossas mãos. Essa deve ser nossa maior fonte de inspiração e de força nos momentos difíceis, afinal, os ratinhos dependem de nós e não podem sofrer as consequências dos nossos problemas e lutas pessoais.
Aos que se encontram nesta situação, desejamos força e lembrem-se: seus animais te amam e sentirão sua falta se você se for.
Ligue 188 - Centro de Valorização da Vida
Disponível 24 horas por telefone e no seguinte horário por chat: Dom - 17h à 00h, Seg a Qui - 08h à 00h, Sex - 13h às 00h, Sáb - 13h à 00h
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